Quem Me Dirá?


Quem me dirá que não preciso ter medo do futuro?
Quem me dirá que estou errada exigir lealdade?
Ou não tem volta para os traiçoeiros?
Volta ainda haverá talvez não o perdão.

Quem me dirá que não presenciarei o arrependimento?
Quem me dirá que sou obrigada a aceitar?
Ou sou feita da pedra em que você pisa?
Pedra ainda não, talvez sem coração.

Quem me dirá que não posso chorar os rios?
Quem me dirá que vou me afogar nas mágoas?
Ou existe mágoa que não sangre?
Mágoa ainda não é talvez sim revolta.

Quem me dirá que eu não grite por socorro?
Quem me dirá que estou louca?
Ou só existem cegos e surdos aqui?
Cegos e surdos ainda não, talvez absortos demais.

Quem me dirá que não te verei de novo?
Quem me dirá que és feliz?
Ou tristeza tem outro nome?
Ainda o mesmo nome, talvez com mais intensidade.

Quem me dirá que não é possível voar?
Quem me dirá que as minhas asas não nasceram?
Ou você nunca me viu planar?
Ainda não viu, talvez porque eu esteja planando agora.

Quem me dirá que não sou o que se vê?
Quem me dirá que desejo ser diferente?
Ou não sou diferente?
Ainda mais que diferente, talvez apenas seja eu.




Fernanda Rafaela

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