Relevos


A vida fez-se relevo áspero.
Condição que desaprovo; que ignoro
Mas mata-me lentamente.
E como que com um açoite
Despedaça-me.
Faz-me um passo errante à face do precipício.
Meu mar acabou-se em sal, apenas.
Ficaram apenas cinzas.
E o que sobrou e ainda delira
Engasgo nas lágrimas presas na garganta,
E quem suportará ver-me desfigurada?
Sendo eu obrigada a viver tendo já morrido,
Mil vezes.
E quando foi que tropecei no desespero?
Cai nos meus retalhos.
Difícil erguer a rocha que me sobrepõe.
Quando o sofrer superou as forças,
Quando a esperança desfolhou-se e esqueceu-se de reviver.
Preciso mais do que um sol para despertar.
Mais do que um céu para lançar-me num voo;
E ser, de novo, eu.





Fernanda Rafaela 

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